10 causas pelas quais Bob Dylan protestou

Aqui está uma seleção de 10 canções para entender o lado engajado de Bob Dylan.

1- Emmett Till em “The Death of Emmett Till”
A primeira canção de prostesto de Dylan falava sobre um assassinato por raça que aconteceu no Mississippi em 1955. Depois de se gabar por ter uma namorada branca, Emmett Till foi baleado na cabeça e jogado no rio Tallahassee.

2- Caça às bruxas em “Talkin’ John Birch Society” (leia mais sobre)
A sociedade John Birch era uma maliciosa organização dedicada a “caçar” supostos “vermelhos” e “commies” – comunistas – nos Estados Unidos. Quando Dylan foi proibido de tocar sua canção que parodia os “caçadores de bruxas” no Ed Sullivan Show, saiu do programa em protesto.

3- Armas nucleares em “A Hard Rain’s A-Gonna Fall” (leia mais sobre)
A “chuva pesada” de uma das canções de protesto mais conhecidas de Dylan não é, na verdade, radiação de um apocalipse nuclear. “Estou falando de todas as mentiras que são contadas no rádio e nos jornais, explicou Dylan. Mas a canção foi inspirada na crise de mísseis em Cuba, quando o mundo tremeu diante da iminência de uma guerra nuclear.

4- Militarismo em “With God On Our Side”
Dylan investiga a história militar de seu país: do massacre dos índios nativos até o dos mexicanos, de duas guerras mundiais para a disputa com os russos. Zomba da noção dos políticos manipulando Deus para justificar as matanças.

5- Direitos civis em “The Times They Are A-Changin’”
A genialidade de muitas das canções de protesto de Dylan está na universalidade. “The Times They Are A-Changin’” tinha um significado específico no contexto de luta pelos direitos civis no Estados Unidos do início dos anos 1960, mas serve, também, como um hino para os oprimidos e alienados de qualquer época.

6- Hattie Carrol em “The Lonesome Death of Hattie Carrol” (leia mais sobre)
Hattie Carrol era negra, mãe de 11 filhos, e foi atingida na cabeça por uma bengala quando servia bebida a William Zantzinger, em um hotel de Baltimore. “Quando peço uma bebida, quero agora, sua cadela negra”, disse a ela. Ela morreu de hemorragia cerebral; ele recebeu pena de seis meses por homicídio culposo.

7- Medgar Evers em “Only a Pawn in Their Game” (leia mais sobre)
O organizador de manifestações pelos direitos civis aos negros Medgar Evers foi morto por um racista branco da classe trabalhadora no Mississippi, em junho de 1963. Dylan não perdoou sua atitude, mas aponta o dedo da verdadeira culpa para toda a infraestrutura oficial que apoiava a segregação no sul.

8- A indústria bélica em “Masters of War” (leia mais sobre)
Dylan reservou seu ataque possivelmente mais agressivo àqueles que lucram com a guerra – o sistema militar-industrial que dita a política externa norte-americana. “Nem mesmo Jesus perdoaria o que vocês fazem”, protesta.

9- George Jackson em “George Jackson”
Depois de anos longe “da causa”, Dylan voltou a seus dias de protesto com uma canção de lamento pela morte do ativista negro George Jackson, que foi preso. Algumas pessoas descartaram a canção como uma artimanha cínica. Mas Dylan não lançou apenas como single: os discos traziam a canção dos dois lados, para garantir que as rádios não pudesse ignorá-la e tocar o outro lado.

10- Rubin Carter em “Hurricane”
Dylan escreveu “Hurricane” em 1975, depois de ler a autobiografia do boxeador Rubin Carter, preso por um assassinato que afirmava não ter cometido. Dylan chegou a visitá-lo na cadeia, e sua campanha garantiu um segundo julgamento – no qual Carter foi condenado novamente.

Fonte: O guia do Bob Dylan, de Nigel Williamson. Editora Aleph.

7 thoughts on “10 causas pelas quais Bob Dylan protestou

  1. Esses “protestos”, esse suposto “engajamento”, bem, eu acho tudo isso, sempre achei, uma patacoada danada. Era uma época propícia para esse tipo de texto, de letra, então dava dinheiro. O que eu acredito é o seguinte: uma vez o próprio Bob Dylan disse a Joan Baez que havia composto essas músicas (não exatamente essas enumeradas no post) porque dava dinheiro, e eu digo, dava dinheiro principalmente na época, década dos anos 1960, aquela década cafona e chata, cheia de patacoadas para tudo quanto é lado. É no que eu acredito e, no fundo, é o que realmente é. Existe outra coisa para artista ganhar que não seja dinheiro? Aquela amargura que eu conheço, quer dizer, que eu sei que houve, amargura de gente que se matou, Peter La Farge (amigo de Bob Dylan no início em Nova York), Paul Clayton (amigo do início também), que se não me engano também se matou, e outros, que demonstraram amargura por não terem talento o suficiente para ganhar dinheiro e ficarem famosos. Lembrei-me agora de Liam Clancy, que era amargurado, ficou para trás.
    Não acredito em “protesto” e “engajamento” de artista nenhum, o que existe é o dinheiro, e não há nada além de dinheiro para um artista ganhar, o resto é lorota. Agora, se alguns têm talento para chegar ao dinheiro e outros não, isso são outros quinhentos.
    A arte, como, se não me engano, o próprio Bob Dylan disse certa vez, e eu concordo, não significa nada diante da vida, e a vida, principalmente a do artista, é o dinheiro. Ah, me lembrei de mais um amargurado, porque não ficou rico: Phil Ochs. É triste, mas foi o que aconteceu, é a mais dura realidade. Arte é dinheiro, não passa disso, quer dizer, é o que eu constato, é constatação, nada além. Quero dizer, dentro do contexto do contexto dos próprios artistas “protestadores” e “engajados”, dentro do contexto do rumo da vida que cada um tomou, e daí a análise pode ser feita, fica mais fácil fazer a análise.

  2. Amigo, respeito seu ponto de vista e não há discussão para o que você disse, já que me parece ser um ponto de vista já formado.
    Permita-me, porém, colocar meu ponto de vista aqui, como um exercício de dualidade…
    Acho que seria impossível escrever canções como as do começo da carreira de Dylan sem estar sequer minimamente envolvido… Ainda acredito que ele disse certas coisas para a Baez (sobre ganhar dinheiro com suas canções e isso ser o único objetivo) apenas para desconstruir um mito que o próprio Dylan julga pesado demais.
    Independentemente de qualquer discussão, o dinheiro e a fama vieram e, para minha alegria, vieram para alguém que merece! Muitos ganham a vida espalhando a tristeza, vendendo armas, espalhando a morte… Bob Dylan, John Lennon, Neil Young, George Harrison, Simon & Garfunkel e tantos outros ganharam suas fortunas espalhando poesia, bom senso, reflexão e, principalmente, momentos únicos nas vidas de seus fãs.
    Às vezes, imagino como seria minha vida sem a presença das canções feitas por esse pessoal e me dói apenas o imaginar de uma vida extremamente vazia de beleza…
    Fiquei meio se ter o que dizer sobre a sua afirmação de que a década de 60 é cafona e chata…
    Percebi que gosto é gosto e cada um tem o seu, sendo que respeito demais a sua opinião.
    Para mim, porém, a década de 60 foi a mais luminosa em se tratando de arte… A década de 70 também teve seus grandes momentos… Mas, na minha modesta opinião, a década de 60 foi única e prova disso é que estamos aqui, falando de um dos três maiores gênios surgidos nessa década, para o meu gosto (os outro foram John Lennon e Neil Young, sendo que esse último se tornou gigante mesmo na década de 70.)
    “A Hard Rain’s A-Gonna Fall” é a maior canção de protesto de todos os tempos, volto a dizer.
    Abração Dylanmaníaco!

  3. Boa tarde, Marcelennon

    Olha, o mito que você (você é homem ou é mulher?) disse que Bob Dylan queria desconstruir no início da carreira, esse mito ainda nem existia quando ele disse sobre dinheiro a Joan Baez.
    Eu não tenho opinião sobre a década de 60, década chata e cafona, a mais cafona, por sinal. Eu constato.
    Não, você está redondamente enganado (a), a década de 60 não foi “a mais luminosa em se tratando de arte”, uma afirmação dessa é um atestado de ignorância sobre muita coisa que aconteceu antes.
    Todos os que você citou ganharam as suas fortunas espalhando poesia?
    Olha, praticamente todos os que você citou nem poetas são, a verdade é essa. Neil Young gênio? Onde? Por quê? John Lennon poeta? Não, nunca foi poeta no sentido estrito do termo.
    “A Hard Rain’s a-Gonna Fall”, não sei se você sabe, nem de autoria de Bob Dylan é, quer dizer, você disse canção, e a “canção” não lhe pertence, é uma melodia antiga, e ele pôs letra numa velha melodia, numa velha canção.
    Neil Young é um compositor fraco, e compositor é aquele que faz a melodia, que faz a música, e é um letrista ainda pior, não sei por que valorizam tanto. Quanto a Simon, Paul Simon, igualmente, compositor limitadíssimo e letrista limitadíssimo também, a verdade sobre essa turminha que você mencionou é essa.
    Se você quer saber o que foi a década “luminosa” dos anos 1960, leia o que o próprio Bob Dylan disse sobre ela, e ele nunca a valorizou mais do que deveria.
    Hoje não se fala tanto em polarização?
    Pois é, quem começou com essa conversa de polarização foi essa turma chata e cafona dos anos 1960, que não teve nada, absolutamente nada de extraordinário. Cuidado com esse negócio de chamar qualquer um de gênio.
    Bob Dylan mereceu ganhar o Nobel?
    Acho até que sim, mas não foi por causa da década de 1960, geração que ele desdenhou e disse certa vez que nunca tinha nada a ver com aquilo.
    É isso aí, meu caro.

    1. se a década de 60 foi a mais chata, o que dirá da nossa que não pode nem apreciar mais uma publicação interessante dessa página sem ter que ler esse teu comentário idiota. Isso sim que é chato e cafona!!!

  4. prezado Luiz o que gostaria de entender mesmo é o que vc está fazendo aqui nessa página? Não concordo com nada do que vc disse, mas como destacou educadamente Marcelennon os anos 60 e 70 estão longe do conceito amargurado e equivocado que vc emite e insiste como se fosse uma verdade absoluta. Fora isso Viva Dylan! Viva Neil Young! viva Joan Baez!!!(que recentemente nos devolveu Geraldo Vandré)Viva John Lennon! (aquele que foi de um conjuntinho lá da Inglaterra e que depois compôs coisas do tipo “Imagine”- quando vc fizer algo nesse nível a gente volta a conversar…). Nasci e cresci nos anos 60 e 70. Tudo que se diz de bom me fez uma pessoa melhor. Até hj escuto seus músicos, leio suas poesias, assisto seus filmes e não me preocupo em nenhum momento a tentar desconstruir quem tanto é importante para mim e para gerações mundo afora durante tanto tempo. Respeito suas ideias mas não concordo com nenhuma. Sugiro que monte um espaço pra vc falar mal dos noas 60/70.

  5. A década de 60 é igualzinha a seleção da Argentina, de futebol, que ganhou uma Copa por meio de maracutaia, e é sempre super valorizada, sem razão, quando uma nova Copa chega, “Olha, a Argentina… A Argentina vai ganhar… Olha, toma cuidado com a Argentina…”, e depois, a partir das quartas, ou das oitavas, às vezes mais cedo, leva de 4, de 5 e cai fora.
    E podem apreciar o post à vontade, não ponho obstáculo, nem posso, não é?
    É um espaço democrático este aqui, não é?
    Este mundinho precisa dar um salto, faz 60 anos que o mundo fala as mesmas patacoadas, décadas de 60 e 70, supervalorizadas como a seleção da Argentina.
    E olha, senhor Francisco, os meus comentários não tiveram nada de “idiota”, não ofendi ninguém
    pessoalmente, longe disso, mas não me sinto ofendido, já passei dessa fase, e acho que nem a tive. “Idiota”, talvez, (digo “talvez”) seja a sua juventude e cegueira.
    E olha, senhor Renato, imagina! Não tenho nada de “amargurado e equivocado”, não!
    “Imagine all the people…”
    Parabéns ao senhor Dylanesco, pois tenho certeza que ele é democrático.

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