Retrospectiva 2013 (Parte 1): A turnê dylanesca

Em 2013, Bob iniciou sua turnê no dia 5 de abril em Buffalo e terminou na última quinta-feira, 28 de novembro (véspera do feriado americano de Ação de Graças), em Londres.

Ao todo fez 82 shows (seu menor número desde 1993), distribuídos em três fases:

Bob Dylan & The Dawes

Um número limitado de cartazes como este são vendidos nos shows.

Nos primeiros shows do ano, Bob Dylan fez dois convites ao palco: o primeiro foi ao guitarrista Duke Robillard, que substistuiu Charlie Sexton (que por sua vez resolveu se unir a Jakob Dylan); o segundo foi aos jovens do grupo The Dawes, que abriu os 31 shows: inicialmente foram divulgados apenas 12 apresentações, mas a turnê se extendeu para mais 11 datas, terminando no dia 5 de maio.

Ouça e veja cenas dos dois primeiros shows.

AmericanaramA

Poster que comprei como lembrança.

Depois de um hiato de 51 dias, Bob e seu bando voltaram aos palcos no dia 26 de junho com o festival AmericanaramA, que tinha como bandas de abertura My Morning Jacket e Wilco, além dos convidados esporádicos Bob Weir, Richard Thompson Electric Trio e Ryan Bingham.

Tive o prazer de testemunhar três shows do AmericanaramA e fiz resenhas para as apresentações em Atlanta, Nashville e Memphis – este último com a participação de Charlie Sexton, que alternaria o posto surpreendentemente deixado por Duke com Colin Linden até o último show do festival, 4 de agosto.

Além das mudanças no posto guitarrístico da banda de Dylan, Bob convidou em alguns shows os vocalistas do Wilco e My Morning Jacket para cantar “The Weight”, dos seus ex-colegas The Band.

Leia: um balanço do AmericanaramA

Turnê européia

Royal Albert Hall

A partir do dia 10 de outubro, Bob Dylan iniciou sua excursão européia. Como novidade, um intervalo de 10 a 15 minutos no meio da apresentação e a inclusão de mais músicas do recente Tempest. O repertório esteve basicamente intacto entre os shows – com grande exceção nas duas apresentações em Roma, quando uma revolução no setlist ocorreu e Bob Dylan tocou diversas canções até então inéditas no ano.

Charlie Sexton reconquistou seu posto de guitarrista e tocou em todos os shows no Velho Continente.

Entre os destaques, está a volta de Bob Dylan ao Royal Albert Hall, mesmo local que, em 1966, foi hostilizado e chamado de Judas por optar pelo som elétrico e empunhar uma guitarra. No final do último show, inacreditavelmente, Bob Dylan se aproximou do público e comprimentou alguns felizardos:

Acervo completo

Optei por um panorama bem sucinto da turnê deste ano, mas quem quiser saber quase todos os detalhes dos shows que Dylan fez este ano, sugiro o blog “Bob-No-Live 2013”, aparentemente japonês. Nele, fotos, áudios e vídeos de quase todas as apresentações de 2013.

Abaixo, algumas fotos da turnê (todas tiradas do blog citado acima e a maioria de autoria do talentoso Paolo Brillo)

Gates of Dylan (fotos da exposição Mood Swings)

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Começou no último dia 16, na casa londrina Halcyon Gallery, a exposição “Mood Swings” com portões feitos por Bob Dylan com metais diversos que ele coletou.

Eu admito que nunca fui muito fã das pinturas e artes plásticas do Dylan, mas esses portões realmente me surpreenderam. São muito bonitos, criativos e mostram um lado fisicamente engenhoso e complexo de Bob.

Abaixo, um vídeo e fotos da exposição:

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Bob Dylan é condecorado com Legião de Honra na França

Aproveitando a passagem da turnê de Bob Dylan por Paris, a Ministra da Cultura da França, Aurelie Filippetti, resolveu condecorá-lo com a medalha Legião da Honra.

Bob Dylan & Aurelie Filippetti
Bob Dylan & Aurelie Filippetti

Na entrega, Filippetti disse a Dylan, presente na solenidade: “Você representa melhor do que ninguém, aos olhos da França, esta força subversiva da cultura que pode mudar as pessoas e o mundo”.

Legion d'honneurSegundo Yann Mermoud, a resposta de Dylan foi apenas: “Estou muito orgulhoso… isso é tudo”. Não é novidade a discrição de Bob em eventos como esse – vide seu último encontro com Obama.

Fundado por Napoleão, a Legião da Honra homenageia pessoas que tenham servido a França em várias maneiras. Estrangeiros não se tornam membros da legião, mas são condecorados com a medalha, que tem a função de reconhecer o serviço prestado para a França ou a obra que é considerada como uma defesa dos ideais do país.

A homenagem quase não ocorreu por pressão de pessoas da Chancelaria pela posição pacifista de Bob e pelo seu histórico de uso da maconha.