Bob Dylan sempre soube se aliar às pessoas mais estratégicas. Se o antigo empresário de Bob, Al Grossman, se mostrou um exímio negociador, sabendo explorar não só Dylan como intérprete, mas principalmente como compositor (e, assim, disseminando e valorizando a obra dylanesca mundo afora), Jeff Rosen se mostra tão habilidoso quanto.
Rosen é empresário de Bob Dylan desde 1989 e segundo Expecting Rain, trabalhou como consultor da Columbia Records. Ele também desempenha o trabalho de produtor, sendo o responsável pela caixa Biograph, de 1985, um dos primeiros “box sets” da indústria fonográfica. Desde a década de 90, Jeff conseguiu montar uma linha de produtos dylanescos paralelo à carreira de Bob: a Bootleg Series.
A institucionalização dos discos pirata
A Bootleg Series resolve, ou pelo menos ameniza, uma tendência que começou justamente com Bob Dylan. Foi em 1968 que o primeiro disco pirata da história do rock nasceu (Como disco pirata, refiro-me à registros inéditos e não à cópia não-oficial), com sobras de estúdio e alguns takes do que se tornaria The Basement Tapes (que pode ser considerado o álbum proto-Bootleg Series).
Após o sucesso de Biograph, Rosen achou um caminho relevante, principalmente para o perfil de Dylan: explorar os diferentes takes e abordagens de suas interpretações. O primeiro lançamento, de 1991, já chegou em três volumes e contemplava 30 anos de gravações (1961-1991).
Desde então, outros 10 volumes já foram idealizados (incluindo o que será lançando agora em 2015). Depois dos três primeiros, cada um priorizou uma fase cronológica, compilando sobras de estúdio, versões alternativas e registros ao vivo. São eles:
Volume 1-3: Rare & Unreleased
Volume 4: Live 1966
Volume 5: Live 1975
Volume 6: Live 1964
Volume 7: No Direction Home
Volume 8: Tell Tale Signs
Volume 9: The Witmark Demos
Volume 10: Another Self Portrait
Volume 11: The Basement Tapes
Volume 12: Cutting Edge
O mais interessante da série é como ela consegue criar uma realidade paralela. Ao se garimpar o passado dylanesco, toda uma história é revisitada e, em muitos casos, reescrita. Com essa atualização da arqueologia sonora, é possível tirar novas conclusões sobre os meandros da criação de sua época, bem como descobrir outros caminhos explorados por Dylan no meio de suas trilhas artísticas.
Versões, App e Vídeos
Depois de algumas versões “padrões”, a equipe de Bob Dylan percebeu que poderia aprimorar os lançamentos. Nos volumes 10 (Another Self Portrait) e 11 (The Basement Tapes Complete), por exemplo, um aplicativo para iOS complementa os discos com vídeos, fotos e documentos diversos que detalham ainda mais a fase em foco. Em outros casos, versões completas e “best of” dão mais opções ao fã, sem contar as variações entre CD e vinil.
Para a décima segunda edição, a Bootleg Series é acompanhada de uma estratégia muito bem montada: divulgar amostras das faixas, vídeos, documentos e outras raridades com exclusividade para diversos canais de notícias. Assim, uma rádio tem em primeira mão uma faixa do disco; um site é presenteado com um entrevistas da época; uma revista recebe um mini-documentário sobre as capas de disco. E assim todos divulgam, cada um com sua exclusividade, o mesmo produto.
Vou tentar atualizar este post enquanto surgirem novidades, mas até o momento temos os seguintes links divulgados:
SpeakEasy: Bob Dylan Unearths Alternate ‘Sitting on a Barbed Wire Fence’
Rolling Stone: Go Behind the Scenes of Bob Dylan’s ‘Highway 61 Revisited’ Album Cover
The Daily Beast: Exclusive: Bob Dylan Like You’ve Never Heard Him
Consequence Of Sound: Bob Dylan shares unreleased version of “Subterranean Homesick Blues” — listen
Rolling Stone: Watch Bob Dylan’s Lyrics Evolve Take by Take in New Animation
Rolling Stone: See Dylan Photographer Explain Blurry ‘Blonde on Blonde’ Cover
‘The Cutting Edge’ takes you inside the studio during the recording of three of Bob’s most iconic albums: ‘Bringing It…
Posted by Bob Dylan on Quinta, 24 de setembro de 2015