No início de dezembro de 1965, Bob Dylan tocaria duas vezes em Berkeley. No dia do seu primeiro show, 03/12, Bob Dylan aceitou chegar antes para uma coletiva de imprensa. Ele estava disposto a conversar sobre o que quisessem e seu único pedido foi sair às 14h para poder ensaiar com sua banda. Esta coletiva foi a única de Bob Dylan televisionada por completo.
Fazia apenas alguns meses que o álbum Highway 61 Revisited, que incluía a revolucionária “Like a Rolling Stone”, estava nas lojas. Nesta época, Bob Dylan experimentava a acidez do público, que frequentemente vaiavam a segunda metade de seus shows, com a participação de sua banda de apoio, futuramente chamada de “The Band”.
Os entrevistadores
Entre as pessoas que participaram da coletiva, alguns jornalistas e outras personalidades marcaram presença. Veja algumas delas:
Jim Marshall – Famoso por suas fotos no mundo da música – que incluem os Beatles, Jimi Hendrix e Johnny Cash -, Marshall fotografou e até fez perguntas durante a coletiva.
Robert Shelton – O jornalista está ligado diretamente ao contrato de Bob com a Columbia. Ele escreveria durante 20 anos uma biografia de Dylan chamada “No Direction Home”.
Jonathan Cott – Jornalista, entrevistaria Dylan para a Rolling Stone e lançaria dois livros sobre Bob: um de fotos e uma compilação de entrevistas.
Allen Ginsberg – O poeta e amigo de Dylan não só estava presente como fez algumas perguntas, entre elas: “Qual foi a coisa mais esquisita que já te aconteceu”. Dylan fugiu da resposta e ainda disse com bom humor: “Eu não faria isso com você”.
Lawrence Ferlinghetti – Poeta de São Francisco, é tido como um das referências de Dylan na forma como escolheu cantar.
Bill Graham – O empresário, que já produziu vários shows de Dylan ao longo dos anos, também fez algumas perguntas e até entregou um cartaz, promovendo um dos shows que organizou.
Veja a coletiva na íntegra:
Some thought on the Dylan press conference
Com o sucesso de “Like a Rolling Stone” e mudança de identificação de Dylan – que antes era tido como o representante do Folk e agora era um dos pilares do rock (junto da Beatlemania e outros), Bob Dylan atraiu também jornalistas de tudo quanto é tipo (e nível).
O blog Recordmecca divulgou uma correspondência de uma “Donna” para Ralph Gleason, organizador desta coletiva de imprensa e que futuramente seria o co-fundador da revista Rolling Stone. Na carta, ela elogia Dylan pelo seu posicionamento, além de criticar a abordagem dos jornalistas, sedentos por respostas que não necessariamente devem ser dadas por um poeta. Além disso, é claro que muitas das pessoas no local não eram minimamente preparadas. Uma estudante, por exemplo, citou uma “revista de cinema” como embasamento para sua pergunta.
A carta é cheia de bons trechos e frases, uma das mais interessantes é:
“Se você não consegue entender vendo, ouvindo e sentindo, então é melhor você simplesmente esquecer.”
Em 2006, a coletiva foi lançada na íntegra no DVD Dylan Speaks.
Para quem quer saber mais, este link traz várias informações interessantes, como as matérias que surgiram a partir deste dia.
é o blog sobre Dylan mais charmoso que conheço. Parabéns e muuuuuuuuuito obrigada.
Assino embaixo….e em breve o livro “Dylan em Porto Alegre,a incrível história” e ,não, Peninha não entra nessa!
André,
É real essa história do livro? Mantenha-me BEM informado, okay?
Abração!
E o Bob Dylan pode dizer que o tal de Lawrence Ferlinghetti teve influência na maneira de ele cantar, mas não teve. Se alguém o influenciou, foi o Woody Guthrie. Dylanesco, nunca acredite em tudo que o Bob Dylan diz.
Uma vez o Bob Dylan disse, li não sei onde, “…incorporei a forma de Wilbur cantar…” Quem é Wilbur? Ninguém, ele inventou.
Assim como inventou que era órfão de pai e mãe, tinha viajado de caminhão por todo o país (Estados Unidos), tinha trabalhado numa companhia de circo, tocado com caubóis, e outras baboseiras.