Dylan & Sinatra: o encontro dos olhos azuis

Depois de ter incorporado o crooner em alguns shows no começo de 1995, Bob tocou para um dos intérpretes mais importantes da música americana: Frank “The Voice” Sinatra. Há exatos 16 anos, Bob Dylan participava da gravação de um especial para comemorar os 80 anos de Sinatra.

A escolha de Bob Dylan

Na época, rumores indicavam não só a participação de Dylan no evento, mas até a canção que ele escolhera para interpretar. Bob teria escolhido That’s Life. Recentemente, o baterista Winston Watson, que tocava o cantor na época, disse no documentário Bob Dylan: Never Ending Tour Diaries que as canções ensaiadas foram That’s Was My Love e Anyway You Want Me. Contudo, não encontrei nenhuma interpretação de Sinatra de canções com esses nomes.

That’s Life foi composta por Dean Kay e Kelly Gordon para Sinatra e aparece no álbum homônimo, de 1966.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=avU2aarQUiU&ob=av2n]

O pedido de Frank Sinatra

Dylan e sua banda já estavam ensaiando quando receberam um pedido de Frank. “The Voice” queria que Bob tocasse Restless Farewell (uma adaptação de Dylan para The Parting Glass). A canção aparece no álbum The Times They are A-changin’, de 1964, e fazia 31 anos que Bob não tocava em suas apresentações.

Uma das vezes foi no programa Quest, transmitido pela emissora canadense CBC, em fevereiro de 1964 (a canção começa no minuto 22:12).
[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=zReZdpc_3yo&t=22m12s]

A versão de 19 de novembro de 1995 é mais madura, experiente, mas carrega a mesma melancolia de quando Bob tinha 23 anos . Dylan toca violão e é acompanhado por sua banda, além de uma seção de cordas.
[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=JT2WxkPNERM]

Após o evento, apenas quatro músicos são convidados para participar de uma festa na casa de Frank Sinatra: Eydie Gorme, Steve Lawrence, Bruce Springsteen e Bob Dylan.

Homenagem póstuma

Bob voltaria a interpretar Restless Farewell apenas mais uma vez. Três dias antes do seu aniversário de 57 anos, no dia 21 de maio de 1998, Dylan tocou a música em homenagem a Frank Sinatra, que morrera uma semana antes.

I’ll just bid farewell till we meet again

Acho interessante a escolha das músicas, tanto de Sinatra quanto de Dylan. Os dois parecem estar em harmonia em relação a temática que queriam abordar, mesmo sem combinar.

Em That’s Life, Frank canta as seguintes estrofes:

I said that’s life, and as funny as it may seem
Some people get their kicks stompin’ on a dream
But I don’t let it, let it get me down
’cause this fine old world, it keeps spinnin’ around

I’ve been a puppet, a pauper, a pirate, a poet, a pawn and aking
I’ve been up and down and over and out and I know one thing
Each time I find myself flat on my face
I pick myself up and get back in the race

Bob, por sua vez, encanta a todos com sua despedida inquieta:

Oh ev’ry foe that ever I faced
The cause was there before we came
And ev’ry cause that ever I fought
I fought it full without regret or shame
But the dark does die
As the curtain is drawn and somebody’s eyes
Must meet the dawn
And if I see the day
I’d only have to stay
So I’ll bid farewell in the night and be gone

Oh, ev’ry thought that’s strung a knot in my mind
I might go insane if it couldn’t be sprung
But it’s not to stand naked under unknowin’ eyes
It’s for myself and my friends my stories are sung
But the time ain’t tall, yet on time you depend
And no word is possessed by no special friend
And though the line is cut
It ain’t quite the end
I’ll just bid farewell till we meet again

3 thoughts on “Dylan & Sinatra: o encontro dos olhos azuis

  1. Pirei com o Dylanesco,que só descobri hoje!Há horas vasculho as páginas antigas e e passeio pelos vídeos e áudios.Parabéns por manter um site de tamanha categoria e critério,na medida que o Dylan merece.Até hoje só navegava pelos sites estrangeiros,ainda bem que conheci o Dylanesco.
    Desde criança me lembro de ouvir curioso os maiores hits do Dylan e hoje,perto dos 30,me encontro mais fascinado que nunca por sua colossal obra,que nunca envelhece.Uma das características mais intrigantes na carreira dele é o modo como se reinventou e vem atravessando essas últimas 2 décadas.Seus últimos 4 discos são melhores que a maioria esmagadora do que tem sido produzido na indústria musical.Melhor de tudo é ouvir essas grandes canções e descobrir sempre algo novo e surpreendente.Quem diz que Bob Dylan é “lá dos anos 60” não sabe o que fala!É o mais contemporâneo dos grandes nomes do rock.
    Parabéns pelo site,mais uma vez.

    1. Gabriel,

      Muitíssimo obrigado pelas palavras. Fico contente que o Dylanesco supra parte dessa sua necessidade por informação.

      E concordo contigo, Bob Dylan é contemporâneo e se renova até mesmo quanto toca suas canções antigas.

      E sobre os últimos discos, eu acho que alguns deles (Time Out Of Mind e Modern Times) estão entre os melhores da carreira de Dylan.

      Abração e espero que visite mais vezes.

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *