O poslúdio de Robert Shelton

Em um dos parágrafos finais, Robert Shelton faz uma retrato virtuoso com várias referências sobre a influência de Dylan. Consegui descobrir algumas canções e um álbum (que estão entre colchetes), mas sei que existem lacunas. De qualquer forma, é um belo trecho.

“Não podemos dar um preço às rimas, cadências e imagens de Bob Dylan que reentram no imaginário popular, de onde as tirou e refinou. Sabemos que o Mr. Jones é o arquifilisteu alheio ao fato de que algo está acontecendo [Ballad of a Thin Man]. Apesar de estarmos na Rua da Desolação [Desolation Row], continuamos seguindo em frente [Tangled Up in Blue]. Pode ser que haja sangue nos trilhos [Blood on the Tracks] e que nada seja revelado [Ballad of Frankie Lee and Judas Priest], mas ele nos disse que deve haver alguma escapatória [All Along the Watchtower]. Pode não haver caminho para casa [Like a Rolling Stone] para ele e para muitos de nós, mas com um pé na estrada e outro na cova, tentamos sair da jaula vazia que nos prende [Visions of Johanna]. Desespero e esperança travam um embate na torre do capitão, alerta-nos um par de gêmeos beligerantes. Apesar de estar tudo acabado agora, renovamos a nós mesmos deixando os mortos para trás [It’s All Over now, Baby Blue]. Somos mais jovens do que tudo isso agora [My back pages]. Morte e renascimento [Oh, Sister]. Para cada sete que morrem, há outras sete ocupadas nascendo [It’s alright, Ma]. Esquecemo-nos de onde terminam os versos de Dylan e começam os nossos.”

E aí? Mais alguma referência?

5 thoughts on “O poslúdio de Robert Shelton

  1. Quando conheci (ouvi) Jokerman, eu simplesmente me encantei, para mim uma das canções mais sofisticadas do Dylan. Então fui dar uma conferida na letra, e esbarrei neste verso, “Fools rush in where angels fear to tread”. Tolos se precipitam onde anjos temem pisar. A Wikipédia deu a dica: era uma apropriação não inédita de um verso de Alexander Pope, “An Essay on Criticism”. Trata-se de um verso, aparentemente, que caiu no imaginário americano.

    Quanto ao belo paragrafo do Bob Shelton, não me ocorre mais nada além do que você pontuou. Onde terminam os versos de Dylan e onde começam os nossos? Bem, o belíssimo verso que citei, de Jokerman, de que tanto gosto, já é um pouco meu.

    Abraço.

    PS. Por algum mistério, o belo vídeo da canção foi varrido da internet.

  2. “Desespero e esperança travam um embate na torre do capitão, alerta-nos um par de gêmeos beligerantes” – Ezra Pound e T.S. Eliot em Desolation Row.

    1. Muito obrigado. Não conhecia essa versão. Vou postar na Fan Page!

      Minha relação com John Wesley Harding é meio inexplicável. Sempre que me deparo com alguma música deste álbum, eu preciso parar para ouvir.

      E essa música, em especial, tem imagens sutilmente amplas. Essas duas partes abaixo já valem a canção.

      “I offer’d her my hand, She took me by the arm”
      “I beg you, sir,” she pleaded, From the corners of her mouth

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