Ao retomar sua turnê anual, começando 2016 com 16 shows no Japão, Bob Dylan presentou o público nipônico com um EP contendo quatro faixas do próximo disco, Fallen Angels, a ser lançado no dia 20 de Maio. O EP, com um visual temático japonês, também terá venda durante o Record Store Day, 16 de abril.
As novas gravações usam o mesmo escopo que Shadows In The Night: canções já interpretadas por Frank Sinatra. Contudo, há ao menos duas diferenças sutis entre o EP e o álbum anterior.
A primeira é: se Shadows In The Night apresentava um Bob Dylan contagiado pela intensidade e imensidão das obras que tiraria do túmulo dos standards mundano, a primeira prévia do disco sucessor se mostra bem mais leve. As quatro músicas escolhidas soam mais joviais, mais soltas, como se Bob Dylan já soubesse a trilha a seguir e pudesse curtir a paisagem sonora que o cerca.
A segunda é o instrumento que desempenha o protagonismo. Em Shadows In The Night o pedal steel de Donnie Herron direciona praticamente todas as adaptações nos arranjos. No EP, contudo, o protagonismo fica por conta da guitarra de Charlie Sexton, pincelando notas que complementam a melodia da letra ao mesmo tempo que dá um apoio mais técnico à voz, que às vezes falha, de Bob.
Ouvir Bob Dylan cantar standards é algo tão curiosos quanto contagiante. É verdade que a voz dele não parece ser a mais apropriada para o estilo – o que, ao meu ver, mostra como seu impulso artístico ainda está vivo e ainda guarda energia para experimentalismos e investimentos de risco -, mas é fácil se pegar cantarolando as faixas interpretadas por ele. É como se ele soubesse traduzir a intenção de Sinatra, sem ter a voz de Sinatra.
Trocando em miúdos e revisitando uma máxima dylanesca: Nobody Sings Sinatra Like Dylan.