Resenha: Bob Dylan @ Rio de Janeiro (15/04/2012)

Abaixo, segue a resenha feita pela estudante de jornalismo Nathália Pandeló sobre o show de ontem. A ótima foto também é dela.

Bob Dylan @ Citibank Hall, 15/04/2012

O anúncio do locutor era claro: preparem-se, aí vem uma lenda. Não necessariamente com essas palavras, mas o público que ocupava boa parte das cadeiras do Citibank Hall, no Rio de Janeiro, no último domingo (15), entendeu. Bob Dylan foi recebido com um caloroso boas-vindas, ovacionado de pé na abertura de sua turnê pela América Latina.

A cena se repetiria naquela noite, mas pouco parecia envaidecer o trovador. A personalidade de Dylan já é bem conhecida, e ninguém esperava um talk show. Mal subiu ao palco, a banda puxou os primeiros acordes de Leopard-skin Pill-box Hat.

O que se sucedeu foi uma deliciosa seleção de canções. Sem deixar de fazer jus às suas raízes folk e country – expressas até no figurino -, o cantor estava mais pra blues e rock n’ roll. Acompanhado por um competente conjunto de músicos, ele entrou no clima, revezando com muita desenvoltura entre teclado, guitarra e a tão famosa gaita. Vez ou outra, recostava nos amplificadores e deixava a banda fazer a sua mágica.

O público parecia se divertir tanto quanto Dylan, se mexendo timidamente em suas cadeiras. Parte delas estava vazia (provavelmente devido ao alto preço dos ingressos), mas a plateia do Rio de Janeiro não deixou a desejar em sua já famosa receptividade, culminando na concentração do público bem à frente do palco na triunfante sequência final de Ballad of a Thin Man, Like a Rolling Stone e All Along The Watchtower.

Outros grandes momentos do show ficaram por conta das clássicas Tangled Up In Blue, Desolation Row e Highway 61 Revisited. Composições mais recentes também não ficaram de fora, com Tryin’ To Get To Heaven e Thunder On the Mountain.

Com a saída repentina do palco, a ausência de alguns dos maiores sucessos do cantor no repertório foi notada – entre eles Lay, Lady, Lay, Knockin’ on Heaven’s Door, Blowin’ In The Wind e Forever Young. As setlists por vezes imprevisíveis fazem parte do pacote dylanesco, e dificilmente traria um show óbvio ou meramente recheado de hits. Mesmo assim, o público pediu e aguardou o bis, que não aconteceu. Quando as luzes se acenderam no Citibank Hall, a plateia foi, com certo pesar, se dirigindo para a saída, olhando para trás na esperança de uma volta tão inesperada quanto a ida. Os roadies já desmontavam os instrumentos, mas ninguém queria que acabasse.