Podcast Dylanesco – Episódio #2: A Hard Rain’s A-Gonna Fall (versões ao vivo)

Este é o segundo episódio do Podcast Dylanesco. Ele é uma continuação do primeiro, mas abordando as diversas versões que Bob Dylan tocou de “A Hard Rain’s A-Gonna Fall”.

Abaixo estão os vídeos completos dos trechos que indiquei:

4 de fevereiro de 1974

26 de maio de 1976

03 de dezembro de 1980

16 de dezembro de 1995

17 de agosto de 2003

19 de novembro de 2010

Podcast Dylanesco – Episódio #1: A Hard Rain’s A-Gonna Fall

Comecei a escrever o Dylanesco lá em 2010, naquela época não existia Spotify no Brasil e o Youtube tinha apenas 5 anos de vida. Comecei como um blog no WordPress e só depois passei para um domínio próprio.

Agora, resolvi retomar a atividade, mas experimentando no formato podcast.

Esse é o primeiro episódio, sobre a canção “A Hard Rain’s A-Gonna Fall”.

Espero que gostem!

Sintam-se à vontade para comentar, sugerir pautas e melhorias. Pode ser nos comentários aqui ou no Instagram.

Esta é a bibliografia para este episódio:

  • Why Bob Dylan Matters – Richard F. Thomas – Editora Dey St.
  • The Mayor of MacDougal Street, A Memoir – Dave Van Ronk e Elijah Wald – Editora Da Capo
  • The Double Life of Bob Dylan, A restless, hungry feeling (1941-1966) – Clinton Heylin – Editora Back Bay Books
  • Revolution in the air – Clinton Heylin – Editora Constable
  • Behind The Shades Revisited – Clinton Heylin – Editora Harper Collins
  • Bob Dylan, How the songs work – Timothy Hampton – Editora Zone Books

Bob Dylan, 82 anos (ou a resiliência dylanesca)

“Nas artes, como na vida, tudo é possível desde que se baseie no amor” – Marc Chagall

“O maior objetivo da arte é inspirar. O que mais você pode fazer? O que mais você pode fazer por alguém a não ser inspirar?” – Bob Dylan

Mais um ciclo ao redor do Sol de Bob Dylan. E mais um ano em que o músico sobe no palco, trabalha em arranjos e variações líricas e explora canções que aprecia.

Recentemente vi um relato do Pete Townshend sobre uma conversa que ele teve com Dylan durante o Desert Trip, lá em 2016. Ao questionar Bob sobre porque faz tantos shows, recebeu como resposta:

“Sou um cantor folk. Um cantor folk é tão bom quanto sua memória, e minha memória está acabando”.

Para além da perda de memória de fato, que ataca a qualquer um com a idade, aqui há outro ponto importante: o propósito inerente de si. Bob Dylan entende que sua missão no mundo é ser um cantor folk. É levar suas memórias – e as inúmeras variações que faz delas – para quem quiser apreciar.

Ainda assim, a questão de Pete se mantém: porque fazer tantos shows? Porque insistir em cruzar os continentes indefinidamente? Porque lançar discos e mais discos de canções inéditas?

Talvez porque memórias não são as histórias que ocorreram… são as histórias que imaginamos. E recontamos. E recriamos.

E a partir desse relato de Pete, só podemos imaginar o que se passou nos quase dois anos de reclusão durante a pandemia. Sem poder alimentar e disseminar suas memórias. O que sabemos é que a retomada se deu num anúncio de turnê mundial que durará três anos.

A insistência de Dylan em se colocar em cima do palco em turnês extensas e mundiais é algo incrível – principalmente para alguém aos 82 anos. Vai além de entender que essa é a vida do músico ou que seja simplesmente algo que lhe dar prazer. É os dois, mas ultrapassa isso.

Subir ao palco é uma forma de enxergar a vida. De transmitir seu amor pela Música. Uma espécie de resiliência dylanesca cuja forma original é à frente do microfone com um público o testemunhando. E seja como for, com pandemia, idade, lapsos de memória e o que mais a vida tentar deformá-lo, ele voltará à jeito original com a mesma naturalidade que uma espuma retorna ao seu formato.

É também a naturalidade de como seu amor pela Música comove as pessoas. A adversidade da idade não o impede de sempre retomar a sua forma original, em cima do palco. Não é um agrado, ou apenas um ganha-pão, mas um incentivo a explorar todo seu potencial como ser humano. Para Dylan é fazer letras e músicas – ou esculturas de metal, pinturas diversas e tantas outras ações. E ao subir no palco, dia após dia, ele te inspira e te instiga: o que você vai fazer com essa inspiração? Quais memórias quer para si?

Aos 82 anos, Bob Dylan tem o ofício de te desafiar.

Obrigado por todos esses anos de Arte, Sr. Dylan. Que continue assim por muito mais tempo – e não se esqueça do Brasil nesse giro terrestre.

Parabéns!