Tributo revisita anos 80 de Dylan

Eu nunca fui fã da sonoridade dos anos 80. Na minha humilde opinião, os sintetizadores, ecos e baterias eletrônicas só distanciaram a essência da música dos ouvidos. E, infelizmente, esses timbres invadiram a discografia dylanesca dessa década.

Bob Dylan in the 80s Vol. 1

Para compensar os maus tratos à arte de Bob, a gravadora ATO resolveu fazer um tributo focando nas músicas de Dylan lançadas nesse período. “Bob Dylan in the 80s Vol.1” possui, em sua maioria, uma abordagem mais amigável aos dias de hoje. O primeiro volume conta com participações de músicos como Glen Hansard, Slash, Reggie Watts e Langhorne Slim.

O lançamento oficial (em MP3, vinil e CD) será só no dia 25 de março (é possível fazer a pré-venda aqui), mas o Wall Street Journal publicou essa semana o disco para audição na íntegra.

Escute “Bob Dylan in the 80s Vol.1”:

18 thoughts on “Tributo revisita anos 80 de Dylan

  1. Também não gosto da sonoridade dos 80. Mas acho que nesta década há um pequeno grande disco perdido e subestimado. Não canso de ouvir Real Live desde que foi lançado, estarei doente?

    1. Haha! Eu acho Real Live um bom disco e existem alguns bons momentos nessa década (tirando Oh, Mercy é claro… Q nasceu clássico!)

      Meu problema é BEM a sonoridade. Não foi uma época muito boa pro Dylan, mas o timbre matou o pouco de ânimo que existia. Isso na minha humilde opinião (ou, como os americanos falam: in my humble opinion).

      Abração!

  2. Mas “Real Live” não tem uma “sonoridade” anos 1980, é um disco ao vivo, e soa antigo.
    Eu acho que esse negócio de “sonoridade” é uma piada, as pessoas falam assim como se isso fosse muito “intelectual”, como se quisesse, de fato, dizer alguma coisa. Não, não que dizer nada esse papo de “sonoridade”, é uma bobagem, uma bobajada.
    Aliás, eu acho que algumas das melhores músicas do Bob Dylan foram compostas no finalzinho dos anos 1970 e começo dos anos 1980, muitas músicas subestimadas pelos “ouvintes atentos” de araque, a verdade é essa. “In the Garden” é uma grande música, e o próprio Bob Dylan já disse que gostaria de vê-la tocada por uma grande orquestra. Ele não diria isso se a música não prestasse… Foi só um exemplo, prestem atenção nas músicas que a tal da crítica especializada não dá bola, essa crítica não entende nada. “Blind Willie Mctell” é outra grande música, talvez a melhor música que Bob Dylan tenha composto, apesar de ele ter se baseado em outra música, uma enganação, e por aí vai.
    Eu tenho pra mim que um dos melhores albuns de Bob Dylan é “Slow Train Coming”, mas a “especialização” não acha. E daí? Eles entendem o quê?
    “Sonoridade” é uma palavra que, na maioria dos enfoques sobre música não quer dizer absolutamente nada, e não tem nada de “intelectual”.

  3. Além disso, sintetizadores são uma “coisa” dos anos 1960, haja vista os Beatles em “Here Comes the Sun”, e outros grupos. Não me lembro de uso de sintetizadores nos anos 1980, e pelo Bob Dylan mais ainda. Acho mesmo que, em nenhuma música, ele usou sintetizador nos anos 1980, e também nos anos 1970, pelo menos não ostensivamente, não me lembro de nenhuma música.
    Disse “coisa” no começo porque sintetizador, eu sinto, são a “coisa” mais fria que eu já conheci, ou ouvi. Não me parece que eles sirvam para música, parece “coisa” de robô.

    1. Luiz,

      Obrigado pela sua opinião. Não há nada de intelectual mesmo em “sonoridade”, apeas uma maneira de fazer referência ao “tipo” de som – ou ao seu timbre.

      Se você gosta tanto da música de Dylan deste período, talvez poderia se injetar um pouco de amor.

      Abração e um ótimo fim-de-semana!

  4. É, “Dylanesco”, eu acho mesmo a produção do Bob Dylan do finalzinho dos anos 1970 e comecinho dos anos 1980 das melhores, músicas espetaculares, como “In the Garden”, que citei.
    Talvez você tenha dito que preciso “injetar um pouco de amor” porque, também talvez, fez associação com a “fase cristã” do Bob Dylan.
    Se fez isso, associou errado, o meu gosto por essas músicas não está ligado unica e exclusivamente ao “tema cristão”, tão execrado pela crítica dita especializada. Não dou a mínima para essa crítica, acho mesmo que não entendem nada. Mas o meu gosto pelo período citado é por causa da “sonoridade”, álbuns como “Shot of Love” são riquíssimos artisticamente, não é um artista qualquer que faz um álbum assim, incluindo as sobras lançadas depois. Quanto a “amor”, entendo mais do que o Rei Roberto, e até mais do que o Bob Dylan. Um abraço.

  5. As pessoas são rancoras, Dylanesco, e um dos artistas que mais sofreram com despeito e inveja foi o Bob Dylan. Eu acho, Dylanesco, o seguinte: crítico de música entende de tudo, menos de música.

  6. Pois é, Pedro.

    Empire Burlesque foi o primeiro disco de Dylan que eu comprei… é claro que eu já o conhecia de coletâneas, mas quando quis comprar algo novo, o que tinha era esse ou Infidels (corria o ano de 1985).
    Assim, sou apaixonado por esse disco que ouço com prazer até hoje, mesmo depois de ter conhecido as obras primas Blonde on Blonde, Desire, Highway 61, etc. Tight connection to my heart é simplesmente dylanesca até os ossos (a versão do Supper Club é simplesmente incrível).
    Obrigado pelas sugestões, vou ouvir. Gosto muito de covers de Dylan.

    Abraço!

  7. Bob Dylan sempre teve a característica de lançar pérolas em discos menos badalados (“All Along the Watchtower”, “Lay, Lady, Lay”, entre outras). Nos anos 80, década em questão, não foi diferente:

    SHOT OF LOVE (81): “Lenny Bruce”, “Every Grain of Sand”.
    EMPIRE BURLESQUE (85): “Dark Eyes”.
    DOWN IN THE GROOVE (88): “Death is not the End”.

    Quanto à discussão acerca da sonoridade, sempre respeitando a opinião de todos, trata-se, pra mim, de uma questão mercadológica. Bob Dylan esteve, na maior parte de sua carreira, à margem de tendências ou na contramão delas, porém, nunca deixou de flertar com o que estava em alta no momento, como “Rock “n” Roll”, “Folk Music”, “Psicodelismo”, por exemplo. No repertório de Dylan, encontram-se praticamente todas as sonoridades existentes na música americana. Não seriam o bate-estaca e os ecos que ficariam de fora. Como ele mesmo disse em 1965, “…sou só um músico”.

  8. Bob Dylan só um músico?
    Que nada, ele também é poeta, pai de família, avô, tio, etc., além de filósofo, é claro.
    “Para o Dylanesco tempo bom com ligeira nebulosidade, mínima entre 2 e 0 e máxima entre 35 e 40.
    E piriri e pororó.”
    Na maioria das vezes as pessoas dizem coisas e fazem um esforço danado pra acreditar.

    1. Quem disse “sou só um músico” foi o próprio Bob Dylan. Acho que ele tem condições de definir a si mesmo melhor do que qualquer pessoa, não? Ou será que ele “ele faz um esforço pra acreditar” no que ele mesmo diz?

  9. Para o Janim

    É, o problema é esse mesmo, a gente acreditar no que ele diz, e não é verdade. Ele mesmo, o Bob Dylan, sempre fez um esforço para acreditar no que ele mesmo diz. E talvez você faça um esforço para acreditar no que ele também diz. É isso aí.

    1. De acordo com o seu texto:

      1)o Bob Dylan não diz a verdade sobre si mesmo e ainda se esforça pra acreditar nisso, apesar de ser um filósofo, conforme você mesmo escreveu;
      2)eu me esforço para acreditar no que penso sobre o Bob Dylan, embora eu não tenha emitido nenhuma opinião sobre ele, apenas citei uma frase do próprio;

      Diante disso, sugiro que você faça um esforço e passe uns dias ouvindo Bob Dylan num lugar tranquilo, com alguém que você goste, pra colocar as idéias no lugar.

      Saudações dylanescas.

  10. Janim

    Ah, tá! Eu vou fazer isso que você sugeriu, porque não tem mais nada de importante para eu fazer.
    Se você acreditasse que “ele é somente um músico”, você não “seguia ele”.

    1. Pra encerrar o assunto, já que estamos abusando do blog para debates pessoais, esclareço alguns pontos que não ficaram muito claros pra você:

      1) Pela enésima vez, não afirmei que o Bob Dylan é “só um músico”. São palavras DELE MESMO em uma entrevista nos anos 60, ditas num contexto específico;

      2) a frase foi dita para alguns radicais que cobravam dele uma postura política mais engajada, que queriam encontrar em suas músicas soluções para o mundo. Aí ele disparou: “sou só um músico”. Não é uma frase depreciativa, ele só quis dizer que não podia resolver todos os problemas da humanidade;

      3) quando eu usei a frase no 1º comentário que fiz, foi só pra destacar que o Bob Dylan era, nos anos 80, um artista contratado por uma grande gravadora e tinha que seguir certos preceitos de mercado. Ninguém é tão independente, assim. É natural que alguns discos dele na época fossem gravados com aqueles efeitos dos anos 80, meio chatos, como bem destacou o titular do blog.

      Parafraseando, de novo, o próprio Bob Dylan, “All ya can do is do what you must. You do what you must do and ya do it well”. (Buckets of Rain).

      Aquele abraço.

  11. Janim

    Ninguém está fazendo “debate pessoal” aqui, nem debate de qualquer espécie.
    O assunto encerro eu.
    Talvez você não saiba, mas gente como Bob Dylan, Neil Young, Leonard Cohen, John Lennon e muitíssimos outros, investem, ou investiram na automitologia, por assim dizer, mentem uma barbaridade, são esquisitos e excêntricos, cheios de manias, e todo mundo acha “profundo”. “Eu sou somente um músico”, bem, é somente uma frase, e talvez nem o Bob Dylan, quando disse isso, acreditasse nisso, e acho que até hoje ele não acredita mesmo, acha que é mais, e você também.

    1. Valeu. Apesar de percebermos as coisas de forma diferente, a troca de ideias foi respeitosa e é isso que vale. Em futuros posts podemos voltar a conversar. Até mais.

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