Bob Dylan recebe de Obama “Medalha da Liberdade”

Bob Dylan esteve hoje a tarde na Casa Branca para receber diretamente do presidente americano Barack Obama a Medalha da Liberdade, a mais alta condecoração civil do país – criada pelo presidente Kennedy em 1963. Além de Dylan, outras 12 pessoas foram homenageadas no evento.

Quem não tem colírio…

Bob Dylan estaria em pleno acordo com a solenidade, vestindo um Black-Tie (cujo terno parecia ter saído do seu guarda-roupa de show), se não fosse por um pequeno detalhe: Dylan estava usando óculos escuro – aparentemente um Ray-Ban Caravan.

Será que Bob, fazendo jus a máxima raulseixista, colocou as lentes escuras para não transparecer uma influência? Vale lembrar que em 1970, quando ele estava relutando em receber uma honraria da Universidade de Princeton, Bob foi convencido por Sara e David Crosby (ex-integrante dos Byrds) a ir ao evento, mas só compareceu após fumar uma boa quantidade de maconha (Dylan cantaria sobre esse dia na música “Day of The Locust”, do álbum New Morning).

Veja o trecho em que Obama coloca a medalha em Bob:

“Come on, Bob”

Antes de entregar as medalhas, Obama fez um breve discurso sobre a importância das pessoas que receberiam a condecoração.

“Esses extraordinários homenageados vêm de diferentes origens e diferentes esferas da vida, mas cada um deles fez uma contribuição duradoura para a vida da nossa nação”. Sobre Dylan, Obama recordou-se:

“E eu me lembro de estar na faculdade ouvindo Bob Dylan e meu mundo se abrir, porque ele capturou algo sobre este país que foi tão vital”.

Ao ser chamado pela locutora do evento, Bob Dylan se manteve parado, como se não tivesse prestando atenção em todo o cerimonial. Obama interviu: “Come on, Bob” e só então ele se levantou para receber a homenagem.

Enquanto uma descrição sobre sua importância era ditada, Dylan permaneceu alheio e parecendo indiferente, sem demonstrar qualquer reação. Após receber sua medalha, comprimentou Obama quase com desdém e voltou ao seu lugar.

Além de Bob Dylan, outros músicos já receberam a medalha, como: Frank Sinatra, Count Basie, B.B. King, Pablo Casals, Ella Fitzgerald e Aretha Franklin.

Momentos dylanescos pela América do Sul

Cada um que presenciou uma apresentação de Bob Dylan terá em sua mente um momento marcante. Há quem diga que o cantor olhou diretamente para o olho de quem conta a história; outros vão narrar com riqueza de detalhes os passos dylanescos ao longo dos shows ou fazer longas análises sobre a maneira como a música pulsava.

Repertório do show de Porto Alegre com as tonalidades de cada música. As marcações em caneta me parecem ser das guitarras usadas por Charlie Sexton em cada canção.

Eis apenas alguns pequenos momentos que ajudaram a tornar inesquecível a passagem de Bob pela América do Sul em 2012.

How Does It Feel?

O quê dizer do momento altruísta de Dylan, quando ele presenteou os mineiros ao deixar que apenas a platéia de Belo Horizonte cantasse o refrão de “Like a Rolling Stone”?

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To Make It Better

Aqui, um detalhe sutil que abriu a mente de todo mundo que ouviu. Na mesma semana que Bob se apresentava em Porto Alegre, Paul McCartney fez show em Florianópolis. Na hora de apresentar sua banda, após falar de Charlie Sexton, Bob Dylan rascunhou um pequeno trecho de “Hey Jude” e emocionou a todos.

Before he can hear…

Na última canção do último show na Argentina, durante “Blowin’ in the Wind”, um rapaz conseguiu subir ao palco e tascou – ou tentou – um beijo em Dylan (próximo ao minuto 6:00). Apesar de se assustar com a invasão, Bob não se mostrou nenhum nervosismo e continuou a canção como se nada tivesse acontecido. Curiosamente, relatos informaram que o “vândalo” foi colocado de volta ao seu assento pela segurança da casa.

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Balanço dylanesco: a turnê brasileira

Bob Dylan passou pelo país para fazer seis shows em cinco capitais brasileiras. No total, Bob e seu bando tocaram 31 músicas.

Os shows de São Paulo e Porto Alegre foram os únicos que tiveram músicas que não se repetiram. No primeiro concerto paulistano, Bob tocou “Every Grain of Sand”. Já no dia seguinte, ele resolveu estreiar na turnê a canção “Not Dark Yet”. Em Porto Alegre, tocou pela primeira vez no ano a música “John Brown”.

Em todas as apresentações Bob Dylan abriu com a mesma música, “Leopard-Skin Pill-Box Hat” e fechou com a mesma seleção (exceto no bis – que os cariocas não viram).

Outro ponto interessante foi a ausência da introdução feita por Al Santos e da imagem do olho, logo recorrente em turnês anteriores, que dessa vez apareceu minimamente.

Abaixo, uma tabela comparativa do repertório dos show – o número indica a ordem das músicas em cada apresentação.

Clique na imagem para visualizá-la em tamanho maior.

Enquanto esteve no Brasil, Bob Dylan aproveitou para andar pelas ruas de Copacabana, passear pelo hotel de Brasília e até caminhou, em plena sexta-feira, na Av. Paulista.

Confira as resenhas de todas as apresentações no país:

Rio de Janeiro
Brasília
Belo Horizonte
São Paulo (21/04)
São Paulo (22/04)
Porto Alegre